quinta-feira, 7 de julho de 2011

Tiririca emprega os amigos humoristas, que ficam em SP, com salário de R$ 8 mil

Deputado mais votado do Brasil, com 1,3 milhão de votos, o palhaço Tiririca (PR-SP) usa dinheiro da Câmara para empregar humoristas do programa A Praça é Nossa. Em 23 de fevereiro, foram nomeados como secretários parlamentares os humoristas José Américo Niccolini e Ivan de Oliveira, que criaram os slogans da campanha eleitoral do deputado. Ambos recebem o maior salário do gabinete, de até R$ 8 mil, somadas as gratificações.

Niccolini é presença semanal na TV com o personagem Dapena, uma sátira do apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena. No ano passado, durante as eleições, o humorista foi protagonista de um quadro cômico que interpretava os então candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

Os humoristas nomeados por Tiririca moram em São Paulo e não cumprem expediente diário como servidores da Câmara - até porque Tiririca não tem escritório político na capital paulista. Niccolini e Oliveira ajudaram a fazer dois dos slogans principais da campanha: 'Vote no Tiririca, pior do que está não fica' e 'O que é que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto'.

Ideias. Procurado pelo Estado, Niccolini justificou a sua contratação na Câmara com a seguinte frase: 'A gente é bom para dar ideias'. 'Ele (Tiririca) escolheu a gente porque ajudamos na campanha, só por isso. Porque acredita que podemos dar boas ideias.'

Os dois secretários parlamentares de Tiririca fazem parte do grupo de humor Café com Bobagem, que, entre outras coisas, tem parceria com o A Praça é Nossa, programa da emissora SBT, onde conheceram o palhaço há dez anos. Por sinal, é no escritório do Café com Bobagem, em São Paulo, e não num lugar ligado ao mandato de Tiririca na Câmara, que os humoristas contratados trabalham diariamente.

Questionado pela reportagem sobre o valor pago na campanha eleitoral por terem criado os slogans, Niccolini foi irônico: 'Uns 100 milhões de dólares para cada um; pouquinho'.

Segundo a prestação de contas de Tiririca à Justiça Eleitoral, a empresa do grupo, T.R.E. Entretenimento Ltda., recebeu R$ 10 mil pelo serviço.

Comunicação. Procurado pelo Estado, Tiririca informou, por intermédio da assessoria de imprensa, que contratou os dois humoristas para ajudá-lo no mandato parlamentar.

'O deputado Tiririca nomeou os assessores levando em conta o critério de conhecê-los pessoalmente e também o fato de serem dois comunicadores que vão colaborar e desenvolver trabalhos dentro da temática que o deputado atua.'

Hoje completam dois meses desde que Tiririca tomou posse. Campeão de votos em 2010, é o segundo mais votado da história - perde para Enéas Carneiro, que disputou pelo Prona.

Por enquanto, Tiririca não apresentou nenhum projeto de lei nem fez discurso na tribuna do plenário.

Erro no voto. Na sessão mais importante até agora, a votação do salário mínimo, o deputado disse que se confundiu e votou errado, contrário ao governo: apoiou o valor de R$ 600, quando, de acordo com orientação partidária, deveria votar pelos R$ 560 aprovados pela maioria.

Tiririca foi indicado pelo PR para a Comissão de Educação e Cultura. 'Deu para entender legal', disse, após a primeira reunião do colegiado.

No fim do ano passado, após ser eleito, envolveu-se numa polêmica com o Ministério Público, que contestou sua candidatura sob alegação de que ele seria analfabeto. O deputado foi submetido a dois testes - de leitura e escrita -, por exigência do Ministério Público, e conseguiu provar que não é analfabeto. Ele teve que ler em voz alta e escrever um ditado. O palhaço obteve uma vitória na Justiça, que não viu elementos para prejudicar sua posse.

A grande família

O irmão de José Américo Niccolini, Pedro Luiz, também foi contratado pelo gabinete de Tiririca pelo mesmo salário dos outros dois: R$ 8 mil por mês, somadas as gratificações.

Por Leandro Colon / BRASÍLIA, estadao.com.br, Atualizado: 1/4/2011 2:08

Família de ex-ministro tem negócios investigados

A família do senador e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) tem negócios em áreas bem diversas em Manaus (AM) e uma facilidade para se aproximar dos cofres públicos.

A mulher do ex-ministro, Francisca Leônia de Morais Pereira, chamada de 'dona Leo' nas colunas sociais, tem lojas de perfumes e maquiagens importadas. Mas ficou mais conhecida como a dona de uma recauchutadora de pneus, a Vulcanização Tarumã Ltda. Durante o período em que Nascimento foi prefeito de Manaus (1996-2004), a empresa de 'dona Leo' detinha um contrato especial: era a empresa dela que cuidava dos pneus da frota de ônibus da cidade.

O contrato com a Tarumã está sendo investigado até hoje pelo Ministério Público Estadual. Em 2001, o contrato também foi alvo de uma tentativa de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Manaus. Essa e mais outras três tentativas de CPIs para investigar a gestão de Nascimento na prefeitura foram derrotadas. No início do ano passado, o Ministério Público Estadual solicitou à 2.ª Vara da Fazenda Municipal um levantamento dos bens patrimoniais da família do ministro.

Além dos negócios da mulher, o filho do ministro, Gustavo Morais Pereira, frequenta desde 2009 o noticiário e ocupa os procuradores do Ministério Público em investigações inconclusas até hoje. Gustavo é proprietário de uma empresa cujo patrimônio saltou de R$ 60 mil para R$ 52,3 milhões em seis anos.

A Forma Construções, da qual Gustavo, de 27 anos, é sócio, tem negócios com a SC Carvalho Transportes e Construções, beneficiária dos recursos do Ministério dos Transportes. Em 2007, a SC recebeu cerca de R$ 3 milhões do Fundo da Marinha Mercante, administrado pelos Transportes. No mesmo ano, repassou R$ 450 mil ao filho do ex-ministro. Em 2008, os pagamentos do Fundo Mercante para a empresa foram de R$ 4,2 milhões.

Terceiros. A SC está em nome de Marcílio Carvalho e Claudomiro Picanço Carvalho. Em 2006, antes do contrato com o Fundo Mercante, Picanço doou R$ 100 mil para a campanha de Nascimento ao Senado, segundo registro no Tribunal Superior Eleitoral. O empresário repassou R$ 12 para o então PL, hoje PR.

Marcílio é marido de Auxiliadora Carvalho, chefe do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) do Amazonas e de Roraima. Ela foi nomeada por Nascimento. O cargo é um dos mais
disputados nos Estados, pois é responsável pelas rodovias federais e pagamento dos serviços.

O Ministério Público esclareceu que já ouviu o filho do ex-ministro. Ele justificou que o dinheiro recebido em 2007 da SC Transportes provém da venda de um imóvel. As investigações começaram no ano passado, por suspeita de triangulação entre o Ministério dos Transportes, SC e a Forma Construções.

Gustavo também atua na área de publicidade, com a Prócion, oficialmente em seu nome. Mas ele também seria dono de outras duas empresas, a Sacada e a Quintal, tidas no meio como 'negócios do filho do ministro', só que em nome de amigos. Também seria proprietário de metade de uma escola.

A filha mais nova de Nascimento, Juliana, de 26 anos, formada em medicina, é, desde 2008, proprietária, com outros dois médicos, de uma clínica dermatológica de luxo, num prédio elegante de consultórios em Manaus.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Patrimônio do filho de Alfredo Nascimento aumenta 86.500%

O Ministério Público Federal Federal está investigando suposto enriquecimento ilícito de Gustavo Morais Pereira, arquiteto de 27 anos, filho do ministro dos Transportes, o potiguar Alfredo Nascimento.

Dois anos após ser criada com um capital social de R$ 60 mil, a Forma Construções, uma das empresas de Gustavo, amealhou um patrimônio de mais de R$ 50 milhões, num crescimento de 86.500%.

As investigações podem complicar ainda mais a situação do ministro, que, desde sábado, tem sido obrigado a se explicar sobre o suposto envolvimento de seus principais assessores com corrupção.

Pelo visto, O Ministro Potiguar não conseguirá se sustentar no cargo por muito tempo.

Ministro dos Transportes entrega carta de demissão a Dilma

O ministro dos Transportes Alfredo Nascimento entregou na tarde desta quarta-feira, 6, carta de demissão à presidente Dilma Rousseff. A saída do ministro se dá após novas denúncias de irregularidades em sua pasta. A presidente avaliou que Nascimento não tinha mais condições para continuar no cargo. Senadores do PR foram ao Planalto para se reunir com Dilma ainda nesta quarta. A presidente informaria a eles que o PR continuará, dentro da divisão de cargos pela coalizão, como titular do ministério - ela vai pedir que o partido indique outro nome para o comando da pasta.

Na base, lideranças do PR e de outros partidos estão acusando o PT e o Planalto de criar um fato politico, a partir das denúncias envolvendo a cúpula do ministério e do Dnit, para esconder a ressurreição do escândalo dos aloprados.

A bancada do PR na Câmara teve um almoço com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) na casa do lider do partido, o deputado Lincoln Portela (MG). Ideli sugeriu nesse almoço que o ministro Alfredo Nascimento antecipasse a ida ao Senado para a quinta-feira, 7, para explicar as denúncias. Pelos requerimentos aprovados e o acerto com o próprio ministro, isso só aconteceria na semana que vem.

Um emissário foi falar com o nascimento, levando a proposta de Ideli. O emissário voltou da conversa certo de que o minstro dos Transportes 'vai jogar a toalha'. Um dos nomes cotados para substituir Nascimento é o de Paulo Sérgio Passos, hoje secretário-executivo dos Transportes, de quem Dilma gosta muito.

Em nota, o Ministério dos Transportes informa ainda que Nascimento também decidiu encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República pedindo abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal. Nascimento reassumirá sua cadeira no Senado.

Veja abaixo íntegra da nota:

ESCLARECIMENTO

Brasília, 6 de julho de 2011.

O Ministro de Estado dos Transportes, senador Alfredo Nascimento, decidiu deixar o governo. Há pouco, ele encaminhou à presidenta Dilma Rousseff seu pedido de demissão em caráter irrevogável.

Com a determinação de colaborar espontaneamente para o esclarecimento cabal das suspeitas levantadas em torno da atuação do Ministério dos Transportes, Alfredo Nascimento também decidiu encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal. O senador está à disposição da PGR para prestar a colaboração que for necessária à elucidação dos fatos.

Alfredo Nascimento reassumirá sua cadeira no Senado Federal e a presidência nacional do Partido da República (PR) coloca-se à disposição de seus pares para participar ativa e pessoalmente de quaisquer procedimentos investigativos que venham a ser deflagrados naquela Casa para elucidar os fatos em tela.'

(Atualizada às 16h51)

domingo, 3 de julho de 2011

Lula, Sarney e Collor chegam juntos ao velório de Itamar

Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor de Mello e o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, chegaram juntos, por volta das 12h15, ao velório do corpo do senador e ex-presidente Itamar Franco, na Câmara Municipal de Juiz de Fora. Na chegada, Lula foi aplaudido pelos populares que acompanham o velório do lado de fora, enquanto Collor recebeu vaias.

O senador Magno Malta (PR-ES), ao deixar o salão da Câmara onde o corpo de Itamar está sendo velado, disse que 'Itamar teve a coragem de enfrentar a inflação e criar o real'. 'Deixa um legado de coragem e de determinação. Era um homem público probo neste país, um exemplo para uma juventude que está aí para assumir o País porque a fila anda, afinal de contas', acrescentou. 'É uma perda grande, pois a figura de Itamar marca para nós o fim de uma época em que a gente saía pra comprar leite de manhã e à tarde o preço era outro, com 86% de inflação ao mês.' Malta disse esperar que o ex-deputado e presidente do Cruzeiro, José Perrella de Oliveira Costa (PDT), o Zezé Perrella, que ficará com a vaga de Itamar no Senado, 'seja honesto'.

O senador Itamar Franco (PPS), presidente da República de 1992 a 1994, morreu na manhã de sábado, aos 81 anos, em São Paulo, vítima de leucemia. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein desde o dia 21 de maio e permanecia licenciado de suas atividades no Senado. Nos últimos dias, o senador apresentou um quadro de pneumonia grave e foi transferido para a UTI. Nas últimas horas de vida, foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e entrou em coma. Segundo o hospital, Itamar morreu por volta das 10h15 da manhã.

Depois de Juiz de Fora, o corpo do ex-presidente seguirá para o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, onde será velado na segunda-feira e depois cremado. As cinzas serão levadas para Juiz de Fora e colocadas no túmulo da mãe do ex-presidente. A Presidência da República decretou luto oficial por sete dias.