O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (27)  que não será copiloto de sua sucessora, Dilma Rousseff, e que pretende  se afastar de tudo por seis meses para resolver o que vai fazer no  futuro. 
Ele garantiu que não está em seus planos concorrer a qualquer cargo  eletivo, nem à Presidência em 2014. Lula afirmou que desde agora está  apoiando a reeleição de Dilma. 
"Trabalho com a ideia fixa de que Dilma será candidata. É justo e  legítimo e será minha candidata em 2014. Só existe uma hipótese [disso  não acontecer]: ela não querer ser candidata", afirmou, em entrevista  durante um café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto. Lula afirmou que nunca ficou tentado a mudar a Constituição e garantir a  si a possibilidade de um terceiro mandato. Segundo ele, quem cria o  terceiro mandato, cria o quarto e o quinto e assim por diante. "Assim se  cria uma ditadurazinha", afirmou. 
Questionado se é o caso da Venezuela, com as sucessivas reeleições de  Hugo Chávez, o presidente foi taxativo: "A Venezuela tem o regime que  quer ter". 
AMIGOS 
Lula disse que optou por se isolar dos amigos nos oito anos em que ficou no governo, especialmente no segundo mandato. 
Segundo ele, isso ocorreu porque, se convidasse um amigo para passar o  fim de semana no Palácio da Alvorada e esquecesse de chamar outro,  criaria inimigos. 
O petista afirmou, ainda, que sua decisão deixou o cargo de presidente  "menos vulnerável às rodas de uísque e de cerveja". Ele lembrou que  poderia ser alvo de vídeos e fotos quer cairiam facilmente na internet. 
Ao ser questionado sobre o que mais vai sentir falta depois de deixar o  cargo, o presidente disse que não será da piscina do Alvorada, resposta  dada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso na véspera de  deixar a presidência em 2002, nem do helicóptero. 
"Vou sentir falta da relação de amizade que fiz aqui e muita falta de  vocês. Falta não, saudade, porque saudade a gente tem do que gostou." 
Lula afirmou que ainda não consegue saber de que forma seu nome entrará  para a historia, e que dependerá do jornal que cada um lê. Por isso,  disse, criará um memorial para que cada um possa analisar sua historia e  sua gestão. 
"Lula não surgiu do nada, é o resultado de uma sociedade em processo de  efervescência que chegou à presidência. Seria muita presunção dizer como  quero ser lembrado", afirmou. 
Sobre a relação com Fernando Henrique, disse que espera que sejam  amigos. "Vou respeitá-lo e espero que a recíproca seja verdadeira",  afirmou, ao se referir à declaração do ex-presidente, quando lhe  entregou a faixa em janeiro de 2003 e disse que era para lembrar dele  como um amigo. 
MÍDIA 
Lula disse que a regulação da mídia é "necessária" porque a mídia não aceita críticas. 
"Não defendo o controle da mídia, mas responsabilidade. Precisa parar de  achar que não pode ser criticada, porque toda a vez que é criticada diz  que é censura. Quando faz a matéria, diz que é liberdade de imprensa,  quando recebe a crítica, diz que é censura", disse. 
O presidente não soube dizer como seria exatamente o controle que  defende, mas afirmou que é preciso que os jornais publiquem informações  da forma mais correta. 
"Temos que fazer um debate que todos participem e aprovar uma lei que  seja o caminho do meio, nem o que quer a extrema direita, nem o que quer  a extrema esquerda. Tem que ter bom senso", disse. 
Lula afirmou que mostrar erros cometidos por políticos é "mais do que  justo", mas que muitas vezes se publica "a denúncia pela denúncia".