Os avanços do campo e da
agricultura familiar são reconhecidos internacionalmente e, por isso,
2014 é considerado o Ano Internacional da Agricultura Familiar. Essa
evolução pode, também, ser retratada na redução da miséria no Brasil e
ascensão da população do campo à classe C. Assim, o Comitê Brasileiro
para o Ano Internacional da Agricultura Familiar será lançado no País no
próximo dia 18 de fevereiro e ajudará a difundir o tema no âmbito
internacional.
Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Pepe Vargas, a
redução da pobreza extrema está diretamente ligada às políticas públicas
de desenvolvimento rural direcionadas para a agricultura familiar.
“Milhões de pessoas saíram da pobreza extrema. Sem o Bolsa Família já
teríamos uma redução de 36% da extrema pobreza no Brasil. Ao acrescentar
o programa esse número sobe para 89%”, destaca o ministro.
A população do campo evoluiu economicamente nos últimos anos. Entre
2003 e 2009, o total de 3,7 milhões de pessoas que vivem no campo
ascenderam à classe C. A renda do produtor, no período, teve crescimento
real de 52%. Já a produção familiar, que ocupa 74% da mão de obra no
campo e representa cerca de 12 milhões de pessoas, atingiu 33% do PIB
agropecuário do País.
Políticas do MDA como o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(Pnae), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e medidas apresentadas a
cada ano, dentro do Plano Safra da Agricultura Familiar, são grandes
responsáveis na evolução do campo.
Desenvolvimento
Um exemplo de desenvolvimento da agricultura familiar é a Cooperativa
Agroecológica da Agricultura Familiar do Caminho de Assis (Cooperfam),
localizada no município de Maranguape, região metropolitana de Fortaleza
(CE). A cooperativa é considerada um sucesso de venda, com mais de R$ 1
milhão em contratos em hortifruti, e exemplo de organização cujo
crescimento se deu motivado pelo Pnae.
Airton Aloisio Kern, 48 anos, presidente e um dos fundadores do
empreendimento, reconhece o importante papel das políticas públicas para
o segmento. “Em 2010, quando começamos a cooperativa, tivemos uma
grande alavancada. Melhorou a autoestima dos agricultores. Havia pessoal
que não tinha onde comercializar seu produto e as famílias passaram a
cuidar mais de suas propriedades”, afirma.
De acordo com Aloísio, a Cooperfarm foi o terceiro empreendimento da
agricultura familiar a tirar a Declaração de Aptidão ao Pronaf no Ceará.
Na época, ele conta que começaram a comercializar mel de abelha,
hortifruti e polpa de fruta para a prefeitura do município. “Já
começamos com R$ 160 mil e, em seguida, passamos a fornecer para 43
escolas estaduais”, diz.
Para o agricultor, 2011 foi o ano que melhor demonstra a evolução da
cooperativa. “Nós conseguimos fechar com a prefeitura de Fortaleza e
algumas escolas estaduais. Depois, conseguimos ampliar a fábrica de
polpa. Fizemos duas reformas no prédio e compramos uma câmara fria. Tudo
com recurso nosso, da cooperativa”, conta.
PAA
A Cooperfam, que começou com 26 cooperados, tem, hoje, 250, todos
agricultores familiares, e também comercializa seus produtos para o PAA,
feiras e mercados. No final de 2013, iniciaram o Ater Mais Gestão,
outro programa do MDA, que tem como objetivo fortalecer a área
administrativa das cooperativas da agricultura familiar de todo o Brasil
por meio de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater).
Para Aloísio, os avanços na agricultura
familiar demonstram a atenção que o Governo Federal passou a dar à
categoria. “Não tem nem como comparar a nossa situação de hoje com
antigamente. As políticas valorizaram a agricultura familiar. Temos mais
acesso a coisas que, antes, eram muito burocráticas, temos renda, temos
como nos manter e consumir”, ressalta.