sexta-feira, 18 de junho de 2010

Indústria e varejo de construção investem

Empresários da indústria e do comércio de materiais de construção aceleram os planos de investimentos. Eles querem aproveitar o forte crescimento do mercado imobiliário e também o aumento do consumo de seus produtos. Redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), expansão do crédito e melhoria da renda dão fôlego ào setor.


Em maio, 71% das indústrias do setor pretendiam investir no aumento da capacidade de produção das fábricas nos próximos 12 meses, revela Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). “O resultado é mais que o dobro do registrado em maio do ano passado (33%), está acima do obtido em abril deste ano (66%) e bem próximo do pico, que foi abril 2008, quando 72% dos empresários informaram que iriam expandir os investimentos”, afirma o presidente da entidade, Melvyn Fox.

Nos primeiros quatro meses do ano, a venda da indústria para o comércio do setor aumentou cerca de 20% na comparação com igual período de 2009. Nas lojas, o acréscimo foi igualmente significativo e atingiu 9,5% até maio na comparação anual, segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

A Leroy Merlin, que é a varejista líder do setor, vai investir nos próximos cinco anos R$ 1 bilhão no País para chegar a 40 lojas até 2015. Hoje a rede francesa tem 19 pontos de venda espalhados por seis Estados e o Distrito Federal. A cifra é exatamente o dobro da aplicada nos últimos cinco anos, afirma o diretor-geral, Alain Ryckeboer.

“O Brasil é um mercado promissor e se tornou prioritário para os investimentos da companhia numa lista de 12 países”, afirma. Até março, as vendas da empresa cresceram 40%, muito acima da meta que era de 30% e da média registrada pelo IBGE, que foi de 16,5% no período para o varejo do setor.

Motor. Ryckeboer explica que a redução do IPI para os materiais de construção é um motor importante para o crescimento de vendas porque ajudou a classe C a reformar a casa. Além disso, ele observa que a própria dinâmica da construção civil, com o lançamento de novos empreendimentos, está impulsionando a venda. Ele observa que o risco de faltarem alguns itens básicos, como por exemplo tubos de resina plástica, “é uma preocupação”.

Grupo Tigre. O grupo Tigre, que fabrica tubos e conexões, pincéis, portas e janelas em PVC acelerou os investimentos. A empresa aplicou R$ 150 milhões para ampliar a capacidade de produção das fábricas. Mesmo com essa expansão, hoje as fábricas trabalham com apenas 15% de ociosidade. Neste ano, a companhia vai desembolsar mais R$ 200 milhões no desenvolvimento de novas tecnologias.

O que motivou a decisão de ampliar os investimentos foi o desempenho excepcional de vendas da companhia, que cresceram 30% no primeiro quadrimestre na comparação com igual período de 2009. “Vamos ter em 2010 o melhor ano da história da empresa”, afirma o presidente do grupo, Evaldo Dreher.

O ano de 2008 já tinha sido o melhor para o grupo Tigre, que atua no País desde 1941. Em 2009, apesar da crise, a companhia repetiu o desempenho 2008 e, agora, poderá superá-lo, na opinião do presidente da empresa. As vendas de materiais voltados para a construção civil residencial têm garantido o crescimento. Quanto à escassez de itens, Dreher diz que tem estoques, mas eles estão girando mais rápido do que em 2009.

“Neste momento a situação está administrável, com a extensão do prazo de entrega”, afirma André Martinho, diretor comercial da Fise, indústria especializada em fechos e puxadores para esquadrias de alumínio. Em épocas normais, o prazo para a entrega dos componentes era de 7 dias. Hoje chega a um mês.

O maior prazo de entrega se deve não só ao aumento das vendas, que cresceram 73% entre janeiro e maio na comparação anual com 2009 e 32% ante 2008, mas também à escassez de matéria prima. Segundo o empresário, há dificuldades para comprar alumínio laminado no País. A empresa acaba de investir R$ 1,6 milhão em equipamentos, instalações, gestão, inovação e pesquisa.

PRESTE ATENÇÃO:

1. Vendas. 91% das indústrias de materiais de construção estão otimista em relação ao desempenho das vendas para este mês, segundo a Abramat

2.Expectativas. 80% dos fabricantes de materiais de construção têm expectativas favoráveis em relação à continuidade das ações do governo setor, como a manutenção do corte do IPI sobre os produtos e as novas etapas do programa habitacional Minha Casa Minha Vida e do PAC

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