PL se livra de barreira do PMDB e espera oficialização na Justiça
      
      TSE recebeu pedido de registro do novo Partido Liberal nesta terça-feira      
    
      
        
Alex Viana
Repórter de Política
Toda a articulação de lideranças peemedebistas, do vice-presidente da
 República, Michel Temer (PMDB), aos presidentes da Câmara dos 
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB), 
contando com o apoio do ex-líder e ex-presidente da Câmara dos 
Deputados, ex-deputado federal Henrique Alves (PMDB), para tentar barrar
 a criação do Partido Liberal (PL), o novo partido que está sendo 
relançado com articulação do ministro das Cidades, Gilberto Kassab 
(PSD), foi em vão.
Nesta terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu um 
pedido para registro do PL. A legenda, que existia até 2006, quando se 
juntou ao antigo PRONA (Partido de Reedificação da Ordem Nacional) para 
fundar o Partido da República (PR), foi registrada um dia antes da 
sanção presidencial do projeto que dificulta a criação e fusão de 
partidos, aprovada pelo Congresso há um mês e que aguardava a publicação
 oficial da presidente Dilma Rousseff (PT), o que só aconteceu nesta 
quarta-feira.
Com isso, o novo partido poderá, a exemplo do que foi o PSD, 
presidido por Kassab, ser o novo endereço de políticos que estejam 
insatisfeitos em suas atuais legendas. Pela norma vigente quando do 
pedido de registro do PL, ou seja, anterior à nova legislação sobre 
partidos, o PL poderá ser beneficiado com a recepção de parlamentares, 
que servem para cômputo de tempo de TV e Fundo Partidário.
O projeto de lei que dificulta a criação e fusão de partidos 
políticos com menos de cinco anos de fundação foi aprovado pelo 
Congresso Nacional com o apoio do PMDB em resposta à articulação de 
bastidores do ministro Kassab para recriar o PL. Aliados de Kassab 
admitem que o objetivo do ex-prefeito de São Paulo, após recriar o PL, é
 fundir a nova sigla ao PSD, ampliando a base aliada do governo no 
Congresso Nacional.
Criticada por peemedebistas, a eventual fusão entre PSD e PL é vista 
como uma tentativa de diminuir a dependência do Palácio do Planalto ao 
PMDB. Principal sócio do PT no governo federal, o PMDB liderou rebeliões
 no Legislativo ao defender temas contrários aos interesses do 
Executivo.
O presidente do novo PL, o ex-deputado Cleovan Siqueira (GO), não 
admitiu intenção de se juntar ao PSD para aumentar a base governista. 
“Não, de forma alguma. Podemos ser até parceiros aí pela frente, porque 
os partidos se entendem”, ressaltou. No RN o PL seria presidido pelo 
deputado estadual Gustavo Carvalho.
VETOS
Apesar de aprovar a proposta, a chefe do Executivo vetou dois 
dispositivos, entre os quais o trecho que determinava, no caso de fusão 
entre siglas, a abertura de uma janela de 30 dias para políticos com 
mandato migrarem sem serem enquadrados na lei de infidelidade 
partidária, que prevê a perda do mandato.
Ao justificar ao Congresso o motivo que a levou a vetar o prazo de 
migração para legendas criadas por meio de fusões, Dilma argumentou que o
 Ministério da Justiça se manifestou contra o dispositivo por entender 
que a regra estava em “desacordo” com a Constituição. Segundo o governo,
 a mudança atribuiria “prerrogativas jurídicas próprias de partidos 
criados àqueles frutos de fusões”.
O outro trecho vetado pela presidente tratava do registro das siglas 
criadas por meio de fusões. A regra previa que a existência jurídica do 
novo partido se daria a partir do registro do estatuto e do programa da 
legenda em Ofício Civil do Distrito Federal.
Na avaliação do Executivo, os dois dispositivos “equiparariam” dois 
mecanismos distintos de formação de partidos políticos, a criação e a 
fusão. “Tal distinção é um dos instrumentos garantidores do princípio da
 fidelidade partidária, fundamental ao sistema representativo 
político-eleitoral”, destacou Dilma na justificativa do veto.
Bancada do Partido Liberal na Assembleia pode chegar a seis deputados estaduais
O novo Partido Liberal no Rio Grande do Norte poderá nascer como o 
maior partido com representação na Assembleia Legislativa. As 
articulações para a formação do partido no Estado apontam para que a 
legenda nasça forte, com um quarto dos deputados da Casa. Isso porque, 
de acordo com os cálculos feitos em bastidores, ao todo, seis deputados 
estaduais desta nova legislatura negociam acesso ao novo partido.
As conversas políticas apontam que a presidência do PL no Estado 
recairia sobre a tutela do deputado estadual Gustavo Carvalho. 
Atualmente filiado ao PROS, Gustavo deixaria a legenda presidida na 
federal pelo deputado federal Rafael Motta (PROS). Gustavo é o atual 
vice-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e é 
ligado politicamente ao governador do Estado, Robinson Faria (PSD).
Além de Gustavo, o próprio presidente da Assembleia Legislativa, 
deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB) também teria como 
novo domicílio eleitoral o PL. Articulações neste sentido são feitas e o
 parlamentar passaria a ser uma das forças políticas do novo partido no 
Estado. A saída de Ezequiel do PMDB causaria uma baixa no partido que no
 estado é presidido pelo ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves 
(PMDB).  Ezequiel possivelmente não seria a única baixa do PMDB. O 
deputado estadual Hermano Morais (PMDB) também estudaria a possibilidade
 de deixar a legenda para se filiar ao PL.
O PSB da ex-governadora Wilma de Faria também perderia uma cadeira na
 Assembleia. O deputado estadual Tomba Farias (PSB) deixaria a legenda 
para se integrar ao PL. O DEM, do senador José Agripino, também perderia
 representatividade. O deputado estadual José Adécio também está de 
malas prontas para deixar a legenda e ingressar na legenda refundada. O 
deputado estadual Carlos Augusto Maia, hoje no PC do B, seria o quinto 
integrante do grupo.
Politicamente, o PL se vincularia à base governista na Assembleia 
Legislativa, composta por PSD, PT, PC do B e PT do B. O grupo de 
parlamentares formaria a bancada que atuaria para dar sustentação 
política ao governo Robinson Faria na Casa.