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Veja reportagem completa da VEJA Online:
Farra dos salários 
O SALÁRIO DOS POLÍTICOS PARECE ALTO. É MUITO MAIOR
Valor do contra-cheque corresponde a cerca de um quarto de tudo o  que recebem senadores e deputados por meio de inúmeras verbas e auxílios  extraordinários
Na tarde da quarta-feira, o salário dos senadores e deputados federais subiu de 16.512,09 reais para 26.723,13 reais.  Parece alto. É muito maior. Engordado por truques legais e filigranas  jurídicas, o valor que os parlamentares brasileiros embolsam mensalmente  ultrapassa com folga a faixa dos 100 mil reais. 0 
Além do registrado na folha de pagamento, os 81 senadores, por exemplo,  têm direito à verba indenizatória de 15 mil reais, verba para transporte  aéreo de até 27 mil reais, cota de telefone fixo (1.000 reais), celular  (ilimitado), auxílio-moradia (3.800 reais), combustível (520 reais),  entre outros benefícios. Os números foram extraídos de um levantamento  do site Congresso em Foco divulgado em julho deste ano, com base em  informações da Câmara, do Senado e da Ong Transparência Brasil. 
“O valor ainda pode aumentar com a incorporação de serviços e cotas  difíceis de mensurar”, ressalva o Congresso em Foco lembrando que os 513  deputados recebem ainda 14º e 15º salários (com o codinome de “ajuda de  custo”). Também há o chamado “cotão” mensal, de até 35.512,09 reais,  que pode ser desperdiçado com fretamento de aeronaves, combustível,  assinatura de publicações e outras miudezas. 
Plano de saúde – A farra com dinheiro público não para por aí.  Congressistas, ex-congressistas (mediante o pagamento mensal de 200  reais), cônjuges e dependentes tem direito a um plano de saúde que  reembolsas despesas médicas e odontológicas ilimitadas. De acordo com a  ONG Contas Abertas, os gastos com serviços médico-hospitalares,  odontológicos e laboratoriais do Senado quase duplicaram neste ano, em  relação a 2009. O benefício inclui o pagamento de cirurgias e tratamento  médico no exterior. 
Até o dia 11 de novembro, a despesa havia alcançado 40,6 milhões de  reais. Para ficar num exemplo de como os beneficiários do plano gastam  com saúde, a apresentadora de TV Paula Lobão, mulher do suplente de  senador Lobão Filho, herdeiro do ex-ministro Edison Lobão, gastou 26 mil  reais num tratamento odontológico no começo deste ano. 
Presidente, vice-presidente e ministros de Estado - Inflado pelo  reajuste superior a 130%, o salário do presidente da República e do  vice-presidente também atingiu o teto de 26.723,13 reais. Parece alto. É  muito maior, se forem incluídas as despesas bancadas pelo estado com  moradia, alimentação, transporte, serviços médicos segurança,  escritórios regionais. Em 2010, o cartão corporativo da Secretaria de  Administração da Presidência da República, que responde por todos os  gastos envolvendo o presidente e a primeira-dama, consumiu 5.570.316,80  reais – só para ficar com os valores protegidos por sigilo. Os gastos  secretos da vice-presidência foram de 555.053,47 reais. 
Os ministros de Estado, cujos salários serão equiparados ao teto,  continuarão a aumentar a remuneração mensal com a participação em  conselhos de empresas estatais. A lei 9.292, de julho de 1996, ressalva  apenas que o valor “não excederá, em nenhuma hipótese, a dez por cento  da remuneração mensal média dos diretores das respectivas empresas”. 
Quando chefiava a Casa Civil, por exemplo, Dilma Rousseff elevava o  salário de 11.400 reais para 23 mil reais por participar dos conselhos  da Petrobras e da BR Distribuidora. Os gastos com moradia, serviços  médicos e odontológicos (incluindo dependentes), passagens e  deslocamentos, entre outros, são integralmente cobertos com dinheiro  público. 
Ministros do STF - A legislação estabelece que o maior  salário é sempre o dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Até o  momento, eles recebem 26.723,13 reais. Parece alto. É muito maior. Cada  um dos 11 ministros do STF pode gastar 614 reais por dia em viagens  dentro do território nacional e 485 dólares por dia em viagens  internacionais. Se o magistrado não morar em apartamentos funcionais, o  auxílio-moradia é de 2.750 reais. 
Os ministros também têm direito a um carro oficial com motorista – os  gastos com combustível são ilimitados – e oito cargos comissionados. Em  troca de um valor que não ultrapassa os 211,49 reais, os ministros e  seus dependentes têm um plano de saúde que abrange cobertura médica e  odontológica integrais. 
Depois de aposentados compulsoriamente (quando completam 70 anos), os  ministros continuam a receber o salário integral. Em caso de  aposentadoria antecipada, o valor do subsídio é proporcional ao tempo de  serviço. 
Efeito cascata - Essas despesas não incluem os gastos  com os quase 36 mil funcionários públicos do Legislativo, 1.106  servidores do STF, 23.172 da Justiça Federal, 33.503 da Justiça do  Trabalho e tantos outros cargos comissionados – população superior à de  centenas de cidades brasileiras. 
“O maior problema do aumento do salário de deputados e senadores é que  ele pode contagiar a máquina estatal e se estender para todos os setores  do governo”, adverte Raul Velloso, especialista em contas públicas. “Os  sindicatos, por exemplo, têm um balcão de negociação permanente no  Ministério do Planejamento. O aumento nos salários dos parlamentares  abre o precedente para o aumento nos salários do funcionalismo público”.  
O último reajuste do Legislativo, que catapultou o salário de R$ 12 mil para R$ 16.512,09 por mês, ocorreu em 2007. Nos últimos três anos, a inflação não chegou a 20%. Para os congressistas, o salto desta quarta-feira foi de 61,8%. Presidente, vice-presidente e ministros quase triplicaram a arrecadação mensal. O salário mínimo está em 510 reais. Com sorte, chegará a 540 reais em 2011. 
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