quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Para Simon, prisão de Arruda fez "dia histórico"

Edição de quarta-feira 17 de fevereiro de 2010

Senador diz que decisão do STJ mostra à sociedade que político também pode ir para a cadeia. Agora, diz ele, só falta banqueiro também ficar preso

Pedro Simon afirma ter rezado por Arruda, mas não para que ele fosse solto

A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de determinar a prisão preventiva do governador José Roberto Arruda, por tentativa de obstrução dos trabalhos da Justiça, fez da última quinta-feira "um dia histórico", na avaliação de Pedro Simon (PMDB-RS).

Para o senador, 2010 poderá ser considerado o ano em que o Brasil, pela primeira vez, adotou um ato contra a impunidade. Esse fato, disse, tem ainda maior amplitude por ter sido na mesma data de comemoração dos 20 anos da libertação do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.

Para o senador, a decisão "feliz e correta" do juiz relator da Operação Caixa de Pandora, Fernando Gonçalves, não representa o julgamento antecipado de Arruda e nem a eliminação do seu direito de defesa, mas a garantia de isenção para a apuração e o julgamento dos fatos. Foi um ato inédito, avaliou ainda o senador.

– Nós só queremos que isso seja feito com isenção. Nós só queremos mostrar à sociedade brasileira que político também pode ir para a cadeia. Banqueiro ainda não. Porque o presidente do Supremo [Tribunal Federal] já soltou duas vezes, mas político pode – afirmou.

Simon disse não estar feliz com a prisão do governador licenciado do DF e ressaltou até ter rezado por ele, não para que seja solto, mas para que tenha a capacidade de suportar o que aconteceu. Para Simon, o período que deverá passar na prisão será bom para Arruda e para a sociedade brasileira.

Segundo o senador, a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto foi sincera, mas não foi feliz.

– O presidente Lula disse que não é bom para a democracia, não é bom um governador ser preso. E lamenta. Eu acho que não é bom para a democracia um governador ser preso. Mas não lamento. O que não é bom para a democracia é a corrupção existir plenamente e o Brasil ser o país da impunidade – assinalou.

Constituinte

Simon defendeu também a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusivamente para deliberar sobre questões como ética na política, a situação dos partidos e o financiamento público de campanha, cujos integrantes ficariam proibidos de participar de campanhas políticas por dez anos, como forma de assegurar a isenção das decisões. Ele afirmou que até renunciaria ao mandato de senador para participar dessa constituinte.

O senador também destacou ser de responsabilidade do Congresso Nacional a alteração do Código de Processo Penal, para extinguir os dispositivos protelatórios do processo judicial, que acabam por beneficiar políticos corruptos.

Conforme Simon, políticos acusados de irregularidades sempre escolhem advogados competentes, não para que os ajudem a ser absolvidos, mas para encontrar meios de levar à prescrição do caso por decurso de prazo.

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